Encantada com Laguna, Annita Garibaldi se reencontra com sua própria história

Quando assumiu o compromisso de estar no Brasil para visitar os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, a professora Annita Garibaldi pediu, como condição, que pudesse refazer os passos de sua bisavó, a Heroína dos Dois Mundos. Um dos lugares que não poderia ficar de fora é justamente a terra natal da personagem histórica: Laguna.

“Conheci Laguna já faz muitos anos, está muito mudada, muito mais bonita, sobretudo está cheia de vida, alegre e que me parece cheia de acontecimentos, no futuro”, disse a visitante ilustre ao falar sobre como via a cidade. Ela esteve a última vez em Laguna no ano de 2001.

Annita chegou ao município no sábado, 15, e foi recepcionada no início da tarde por autoridades locais e fez um rápido tour pelo Centro Histórico. À noite, foi presença ilustre no bingo cultural promovido pelas Guardiãs de Anita, grupo de mulheres entusiastas e que são preservadora da memória e da força da heroína. “Me parece muito belo que uma comunidade inteira tenha este afeto, sobretudo pela Anita”, comemora.

O momento mais aguardado, no entanto, aconteceu no dia seguinte. Logo pela manhã, assim como em outras cidades visitadas tanto em Santa Catarina quanto no Rio Grande do Sul, a professora atendeu a imprensa regional e falou do que sentia por estar em Laguna.

Aos jornalistas, quando perguntada se via em si traços da personalidade de Anita, a heroína respondeu: “Quando eu era pequena e não era uma boa menina, minha mãe me dizia que eu era parecida com minha bisavó […] deve estar no sangue da família”, brincou, arrancando risos de quem acompanhou a coletiva.

Foto: Luís Claudio Abreu/CulturAnita

Annita Garibaldi é francesa mas atualmente mora em Roma, na Itália. Começou a se interessar pela história da família quando já estava na faculdade, pois seus colegas perguntavam se ela tinha relação com o casal de revolucionários que, dentre outras batalhas, lutou pela reunificação italiana.

Como descendente direta – os relacionamentos posteriores de Garibaldi não geraram herdeiros que continuaram a linhagem do general italiano – passou a viajar pelo mundo falando sobre sua família. Mas nunca conseguiu conhecer a fundo a terra natal de sua bisavó. Após inaugurar um marco comemorativo no busto do bisavó, em plena praça Vidal Ramos, a professora entrou em um micro-ônibus para reencontrar com uma parte de si mesma.

Há registros de que Anita Garibaldi, a heroína, quando adolescente morou com a família na comunidade de Carniça, posteriormente denominada Campos Verdes. A primeira parada da bisneta na região da ilha foi ali, onde recebeu homenagem da escola Comandante Moreira, e fixou um placa que marcou sua visita. “Foi uma responsabilidade muito grande, fiquei nervosa. Não conhecia a história de Anita toda e hoje posso dizer, com certeza, que tenho ela como um exemplo”, disse a estudante Francisca Justino, 15 anos, que leu para a visitante ilustre um pequeno histórico sobre a heroína lagunense.

Um almoço com frutos do mar, típicos da região, aproximou Annita da cultura de Laguna. Ponto alto da visita às comunidades da ilha, em especial na Ponta da Barra, a ida às ruínas do Fortim do Atalaia – demolido pelos imperiais por ser considerado um marco da passagem de Garibaldi na revolução de 1839 – foi visto pela bisneta com bons olhos.

O Instituto CulturAnita tem a ideia de reconstruir a edificação militar e isso é apoiado pela professora. “Espero [voltar] em tantas outras ocasiões… de inaugurações de locais, o forte… com Cadorin nunca se sabe”, comentou em entrevista ao Portal Agora Laguna, prevendo a possibilidade de vir à Laguna em 2021.

Quando descia do forte foi apresentada a uma fruta típica de Laguna: o butiá – na travessia de balsa, ela já tinha experimentado um picolé com esse sabor e gostado. E também neste caso não recusou, provou a fruta, embora tenha considerado que ela estava um pouco dura, mas aprovou dizendo: “Bom”.

Annita deixou Laguna na manhã de segunda-feira, 17, quando partiu para Garopaba onde plantou um exemplar da rosa-símbolo das comemorações e à tarde, se encontrou com a vice-governadora Daniela Reihner (PSL). Porém, não foi embora sem reconhecer o carinho e a hospitalidade recebida pela população da terra – que a fascinou em cada canto visitado.

“Quero dizer, se vocês me permitirem, que eu me sinto muito lagunense e acredito que no Brasil, esta pode ser, de um modo ideal, a minha cidade”, finalizou a visitante ilustre, que a cada lugar fazia uma foto para recordação.

Foto: Luís Claudio Abreu/Agora Laguna

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