Iphan discute, com comunidades em Laguna, possibilidade de tornar patrimônio cultural imaterial os botos-pescadores

Foto: Elvis Palma/Agora Laguna

A possibilidade de considerar como patrimônio cultural imaterial nacional os botos-pescadores (T. truncatus), anunciada pela presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, em abril, caminha para se tornar realidade.

Entre quarta-feira, 11, e quinta-feira, 12, o órgão federal vai realizar debates com pescadores e comunidades locais para explicar e discutir o processo de registro da pesca artesanal com auxílio dos botos, tradição de Laguna, como patrimônio imaterial.

A intenção do Iphan é fortalecer os conceitos que envolvem a pesca artesanal e fomentar as entidades envolvidas a tomar providências para a preservação do boto e da cultura que o envolve. As lagoas da cidade, por exemplo, são consideradas de 1993 como santuário ecológico da espécie, que habita principalmente o Canal da Barra, onde há cerca de 53 indivíduos.

O primeiro passo para a classificação foi dado no ano passado com os pescadores do Molhes, que ganharam o certificado de registro da pesca artesanal no rol de tradições consideradas como patrimônio cultural imaterial de Santa Catarina, pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC). Além da pesca, todo o conjunto que envolve gastronomia, costumes, linguagem, e outros, estariam incluídos no registro.

A tradição vista no Molhes é uma cena única no Brasil. Os pescadores preparam as tarrafas com cerca de três metros de diâmetro e se posicionam às margens do Canal da Barra, sejam a pé ou de cona. Os botos quando percebem a presença humana, cercam os cardumes que entram e saem do Complexo Lagunar, principalmente as tainhas. Eles afugentam os peixes para que nadem em direção ao pescador. Quem escapa da rede se torna presa do cetáceo.

O que é Patrimônio Imaterial ?

O patrimônio cultural nacional é um conjunto de bens de natureza material ou imaterial, neste caso, podem ser considerados os ensinamentos de como criar, fazer, ou viver de grupos formadores da sociedade brasileiro. É o que diz a Constituição Federal de 1988, lei maior do país, nos artigos 215 e 216.

Bens imateriais são as práticas e domínios da vida social vistas em saberes, ofícios, e modos de fazer. Podem ser incluídas as celebrações, formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas e nos lugares, tais como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas.

Programação

Dia 11/12

9h – Centro Cultural Santo Antônio dos Anjos
14h – Bar Israel (atracadouro da balsa ao lado da Ilha)

Dia 12/12

9h – Salão paroquial de Campos Verdes
14h – Molhes da Barra

 

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