Gaivotas encontradas apresentando quadro de intoxicação são estabilizadas em Laguna

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), coordenado pela Udesc em Laguna, divulgou nesta terça-feira, 07, os resultados dos trabalhos de estabilização de seis gaivotas feitos pela equipe de veterinários da instituição. Os animais foram resgatados entre Laguna e Imbituba, área onde o projeto atua, no fim de abril.

De acordo com os dados do projeto, este quadro clínico é muito comum e afeta todas as espécies de aves marinhas. A toxina botulínica é uma neurotoxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum no seu processo de esporulação e acontece no solo ou em carcaças em avançado estado de decomposição, em condições ideais de anaerobiose, quando há pouca quantidade de oxigênio.

“As gaivotas são especialmente suscetíveis devido ao hábito de se alimentarem de carcaças de peixes em decomposição nas praias. O quadro clínico desenvolvido após a ingestão da toxina é uma paralisia muscular flácida, ou seja, os músculos perdem a sua capacidade de contração. A intoxicação vai progredindo de forma que todos os músculos vão paralisando, inclusive os músculos responsáveis pela respiração, até que finalmente o animal não consegue mais respirar”, detalha o PMP-BS. Caso o animal não seja resgatado a tempo, ele pode morrer.

Os seis animais foram transportados para a unidade de estabilização da fauna marinha do PMP-BS, em Laguna, onde foram tratados com carvão ativado, um antitóxico por via oral, para eliminar a maior quantidade possível de toxina do organismo. Também são aplicados antitóxicos injetáveis junto com uma terapia de suporte ventilatório e alimentar, com papa de peixe. “Às vezes é necessário fazer massagens para ajudar a ave a defecar. Um ambiente propício, silencioso, é essencial para que a tratadora consiga ter sucesso na terapia”, explica a equipe do projeto.

Após o tratamento e reabilitação, as gaivotas serão soltas em habitat natural pela Associação R3 Animal, em Florianópolis, uma das parceiras do PMP-BS. Para serem devolvidas à natureza, os animais precisam apresentar condições físicas necessárias para o curso da sua evolução e subsistência. Desde a criação do projeto, em Laguna, no ano de 2015, 208 aves foram encontradas com suspeita de intoxicação e 113 foram estabilizadas com sucesso.

Sobre o PMP-BS

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.

A iniciativa tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos.

Caso seja encontrado algum animal marinho vivo ou morto, entre em contato pelo telefone 0800 642 3341.

Foto: Santiago Anguita/PMP-BS

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